As pesquisas realizadas na Unidade Demonstrativa de Restauração Florestal do IFSULDEMINAS – Campus Inconfidentes (MG), em parceria com a The Nature Conservancy (TNC) Brasil, vêm apontando avanços significativos para a restauração da Mata Atlântica, destacando a eficiência de diferentes técnicas e o papel fundamental do manejo adequado no sucesso dos projetos. No Plano Conservador da Mantiqueira, são utilizadas múltiplas técnicas de restauração de ecossistemas em seis Unidades Demonstrativas (UD), localizadas nos municípios de Salesópolis (SP) e Cruzeiro (SP), no Vale do Paraíba paulista; Inconfidentes (MG), Machado (MG) e Muzambinho (MG), no Sul de Minas; e Rio Pomba (MG), na Zona da Mata mineira.

“As Unidades Demonstrativas de restauração florestal são verdadeiros laboratórios a céu aberto, onde ensino, pesquisa e extensão se conectam. Esses espaços incentivam a pesquisa aplicada, despertam vocações científicas e aproximam a sociedade do conhecimento técnico, contribuindo diretamente para formar profissionais mais preparados e conscientes da importância da conservação dos ecossistemas”, afirma a professora Lilian Vilela Andrade Pinto, do Instituto Federal do Sul de Minas – IFSULDEMINAS – Campus Inconfidentes.
Os resultados alcançados em Inconfidentes são promissores. Logo nas fases iniciais, o monitoramento de técnicas como plantio de mudas, muvuca de sementes e regeneração natural assistida indicou boas taxas de estabelecimento. Esse resultado reforça a importância de práticas de manejo adequadas e da escolha assertiva das espécies com base em sua classificação ecológica e funcional.
Os estudos mostram que todas as técnicas analisadas têm apresentado avanços graduais em indicadores como riqueza de espécies, densidade de indivíduos, cobertura vegetal e estrutura do solo, evidenciando a necessidade do monitoramento de longo prazo para garantir a efetividade das ações.
Outro destaque foi a identificação de espécies tolerantes à geada, o que amplia as possibilidades de restauração em regiões com temperaturas mais baixas. Entre as técnicas avaliadas, a muvuca de sementes confirma-se como uma alternativa promissora e de baixo custo, apresentando emergência gradual e consistente de plântulas — ideal para áreas extensas e com orçamento limitado.
Em paralelo, os estudos constataram melhoria da qualidade do solo em áreas restauradas, com destaque para o aumento do carbono orgânico e da porosidade, resultado do acréscimo de matéria orgânica.
Um dos experimentos chamou atenção ao observar o efeito da poda do feijão guandu aos três anos da implantação. A prática favoreceu o crescimento de espécies emergentes, ao reduzir a competição por luz, além de intensificar o sequestro de carbono, acelerando a recuperação da biomassa e dos serviços ecossistêmicos. Aos quatro anos, o feijão guandu saiu do sistema de forma espontânea, e a pesquisa continua com o monitoramento das áreas podadas e das parcelas com a saída natural da espécie.
Esses avanços demonstram que a restauração florestal vai além do simples plantio. Exige planejamento técnico, seleção criteriosa de espécies, acompanhamento contínuo e adaptações conforme o contexto local, contribuindo não só para a recuperação ecológica, mas também para a mitigação das mudanças climáticas.

Confira os estudos publicados:
- Análise temporal de indicadores ecológicos em diferentes técnicas de restauração florestal
- Muvuca de sementes: emergência de plântulas aos 8, 12 e 20 meses da semeadura
- Sequestro de carbono em diferentes técnicas de restauração florestal — e o PDF
- Efeito da poda do feijão guandu sobre espécies emergentes da semeadura direta
- Poda do feijão guandu: impacto no crescimento e sequestro de carbono
- Espécies arbustivo-arbóreas tolerantes a baixas temperaturas
- Monitoramento das técnicas de restauração: fase de implantação
- Classificação ecológica e funcional das espécies
- Avaliação de atributos físicos e químicos do solo
- Cobertura do solo e do dossel
- Monitoramento de indicadores ecológicos
- Emergência de plântulas na técnica da muvuca
- Resistência à geada de espécies arbustivo-arbóreas — TCC
- Monitoramento da fase de implantação das técnicas — TCC