1º Encontro de Coleta de Sementes Florestais nos Altos da Mantiqueira marca o início de uma articulação coletiva pela restauração ecológica 6jh3o

14 de Maio de 2025 103e1w

Em abril, foi realizado em Itanhandu (MG) o 1º Encontro para a Coleta de Sementes Florestais nos Altos da Mantiqueira, um marco importante para a organização coletiva da coleta de sementes nativas na região. Promovido pelo Instituto SuperAÇÃO, com apoio da TNC Brasil, o evento aconteceu no Sítio Jurumirim – Casa Rosa Bistrô, propriedade rural integrante do projeto de carbono florestal em implementação na região, voltado à restauração da Serra da Mantiqueira.

“O movimento Coleta de Sementes Altos da Mantiqueira é uma iniciativa fundamental para a formação de uma rede de coleta de sementes nativas, o que fortalece a cadeia da restauração, reduz custos, amplia a diversidade genética e promove a biodiversidade da Mata Atlântica. Além disso, fomenta a economia local, valorizando os saberes da comunidade. Este foi apenas o primeiro o — um encontro potente, com trocas ricas e muito aprendizado. Agora, queremos que mais pessoas se juntem ao movimento. Estamos abertos e já planejando os próximos os”, destaca Joana Pires, coordenadora de Meio Ambiente do Instituto SuperAÇÃO.

A proposta é que o grupo local se consolide como uma rede de coletores dos Altos da Mantiqueira. Em um momento futuro, a intenção é buscar a integração ao Redário — principal articulação nacional que conecta redes e grupos de coletores de sementes nativas em todo o Brasil. Formado em 2020, o Redário já reúne 27 redes de base comunitária, envolvendo mais de 1.200 coletores, sendo 64% mulheres. Atua para articular, fortalecer e dar visibilidade às iniciativas locais de coleta, venda e uso de sementes nativas para restauração florestal, conectando essas redes a compradores, projetos de restauração e políticas públicas.

O grupo ainda não faz parte do Redário, mas trabalhará para tornar essa integração uma realidade. Fazer parte significa estar inserido em uma ampla rede de trocas de conhecimento, o a capacitações, fomento a negócios de impacto socioambiental e participação em iniciativas de fortalecimento da cadeia da restauração. O Redário está conectado a plataformas e redes parceiras, como o Caminho das Sementes, os Coletores do Vale do Paraíba, a Rede de Sementes do Vale do Ribeira, a Rede Geraizeira (MG), a Rede de Sementes do Cerrado e a Rede de Sementes do Xingu, que atuam no fortalecimento do mercado de sementes nativas e no apoio técnico às iniciativas locais.

Um encontro que semeia futuro

O encontro reuniu representantes de projetos de restauração ecológica, agricultores, viveiristas, instituições ambientais e interessados em construir uma cadeia de sementes florestais mais forte e organizada. Estiveram presentes participantes de diversas cidades de Minas Gerais — como Itanhandu, Itamonte, a Quatro, Virgínia, Pouso Alto, Baependi, São Lourenço, Pedralva e Guapé — e dos municípios paulistas de Guaratinguetá e Cruzeiro.

João Papadopoulos de Souza, carioca com propriedade rural em Itamonte (bairro Colina), expressou o sentimento de pertencimento ao movimento: “Minha maior dificuldade é que faço tudo sozinho. Mas, no momento em que encontro outras pessoas com o mesmo propósito, tudo muda: conseguimos acelerar a curva de aprendizado e avançar juntos. Eu vejo a semente não apenas como um elemento da regeneração da natureza, mas como símbolo dessa rede que se forma. Essa conexão é uma semente poderosa. Quando o desânimo bate, a rede me mostra que não estou sozinho, e isso faz toda a diferença.”

A formação de uma rede de coletores é estratégica para organizar, qualificar e dar e técnico às ações de coleta, além de ampliar o impacto socioambiental. A coleta organizada de sementes também se apresenta como uma fonte complementar de renda, promovendo a inclusão social, o protagonismo comunitário e a geração de empregos verdes no campo. A ação é ainda mais relevante diante da crescente demanda por sementes nativas, impulsionada pelos projetos de restauração ecológica em curso na Serra da Mantiqueira, uma das regiões prioritárias para a conservação da Mata Atlântica no Brasil.

Mais diversidade, mais resiliência

“Hoje, estamos plantando nossos projetos — literalmente. Em média, usamos de 30 a 40 quilos de sementes por hectare. Com a formação de coletores de sementes, além de garantir maior quantidade, também ampliamos a diversidade das espécies. Quanto mais coletores tivermos espalhados pelo território, maior será a diversidade genética — e isso significa mais resiliência para os nossos projetos de restauração. Estar em rede, e ainda poder se articular com outras redes pelo Brasil, nos fortalece. Cada pessoa cresce junto”, explica André Piteri, especialista ambiental do Instituto SuperAÇÃO.

Rodrigo Luís de Oliveira, proprietário do Sítio Jurumirim e anfitrião do encontro, compartilha seu entusiasmo: “Desde criança, sempre senti que era preciso plantar e cuidar da natureza. Depois de estudar biologia, esse sentimento virou compromisso. Ver essa rede nascer aqui, em nossa propriedade, é a realização de um sonho antigo. Pode parecer uma contribuição pequena, mas acredito no poder das grandes transformações que começam assim: em rede, com gente apaixonada e disposta.”

Próximos os

O movimento Coleta de Sementes Altos da Mantiqueira seguirá com novas oficinas de formação, expedições de coleta, intercâmbio de experiências e capacitações técnicas, preparando o grupo para a estruturação formal da rede local e para a integração ao Redário nacional. Quem quiser integrar o movimento pode entrar em contato com o Instituto SuperAÇÃO e acompanhar os próximos encontros e capacitações. A construção de redes de coletores é uma semente de esperança que, ao ser cultivada, transforma o presente e semeia o futuro da biodiversidade, da economia e da vida na Serra da Mantiqueira.

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